TEXTO, TEXTUALIDADE E ENSINO

Na miscelânea das teorias, na miríade dos nomes e no caleidoscópio das ideias sobre ensino-aprendizagem de língua e literatura, há diversos caminhos possíveis. Este blog propõe esta discussão vista por diversos ângulos.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

RESPOSTA





Cultura, citando Edward Lopes (Fundamentos da Linguística Contemporânea), é tudo aquilo que sofreu interferência do homem. Uma árvore no meio da floresta não é cultura, mas ao ser tocada pelo homem e por ele modificada, ela passa, então, a ser um objeto cultural. O amor conjugal é, portanto, cultura, mais que isso, posso dizer que é uma criação social e histórica. Ele pode e deve, portanto, ser direcionado a todas as pessoas. Quem estabeleceu que o amor conjugal tem de ser entre sexos opostos, apenas e unicamente, foi um grupo de pessoas interessadas, principalmente, em garantir a manutenção e a expansão de riquezas materiais. Casais do mesmo sexo não geram filhos, não geram, portanto, mão de obra e nem geram consumidores. Atualmente, quando indústria e comércio, enfim, perceberam que gay consome, o discurso vem mudando.
Este grupo de pessoas mal intencionadas vem, desde o século IV d.C. - a partir do Imperador Constantino, para ser mais exato - usando o cristianismo de forma leviana, como bandeira contra o amor homossexual, sendo que antes disso, a própria igreja havia realizado casamentos gays. Falo do uso leviano do cristianismo porque esta religião baseia-se fundamentalmente em um livro, composto por sua vez, de textos escritos por autores diversos em épocas, locais e situações também diversos – a Bíblia. A leviandade está em interpretar as passagens bíblicas de acordo com esta ou aquela ideologia. O que se fez e ainda se faz é tomar a parte pelo todo, empresta-se das ‘sagradas escrituras’ aquilo que convém e descarta-se, inescrupulosamente, aquilo que desmentiria o que se pretende pregar. Como consequência das múltiplas e nada inocentes interpretações da Bíblia é que temos, atualmente, tantas e tantas ‘igrejas’ cristãs – cada uma defendendo vorazmente seu quinhão. Como num grande mercado, os pastores gritam para vender seus produtos, fazem promoção, competem como manda a cartilha do capitalismo e não a do Cristo.
De Lutero até hoje, lamentavelmente, aqueles que um dia protestaram contra a hegemonia católica, agora se igualam a ela na ânsia de ganhar clientes e não fieis. E há os que pegam em armas e matam para defender o Jesus que só falou em paz. E há os que julgam e condenam em nome do mesmo Jesus que a ninguém julgou. O bom exemplo quando esquecido é ruim, mas quando deturpado, é muito pior.
Em todas as culturas, entre todos os povos, as variadas sexualidades sempre coexistiram e sempre coexistirão. O homem é um ser que cria, é um ser relacional, ele busca o outro e ama este outro, seja ele homem ou mulher. O afeto existe entre os seres, emana dos seres. As muralhas, barragens e freios somos nós mesmos que criamos. Veja a criança, o próprio Jesus as menciona várias vezes, as crianças amam, simplesmente e demonstram seu afeto, sua fragilidade, medo, alegria, sem tabus, sem padrões ou modelos.
Há muito tempo a homossexualidade deixou de ser uma ameaça à existência da raça humana, antigo argumento sustentado por quem nunca teve argumento algum. E, além disso, à tese da criação cultural, soma-se uma outra: o elemento natural que merece destaque. Em milhares de espécies, comportamentos homossexuais já foram registrados. Em algumas, inclusive, há casos de relações monogâmicas duradouras entre espécimes do mesmo sexo (http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,homossexualidade-no-reino-animal,763657,0.htm), como em alguns cisnes negros.
Desse modo, é possível concluir que o homem, quer seja tomado como animal primata mamífero bípede quer seja tomado como ser cultural sócio-histórico é um ser livre e vai se relacionar com outros seres também livres, sejam de sexo oposto ou não e essa decisão cabe única e exclusivamente a cada um e deve ser sempre respeitada, como princípio básico da individualidade e da vida em uma sociedade dita civilizada.
                O que precisa acabar, de uma vez por todas, é a intolerância. Intolerância é sinal de atraso e de nada adianta sermos evoluídos intelectualmente, termos tecnologia de ponta enquanto as pessoas discriminarem umas as outras pela sua orientação sexual, ou pela cor de sua pele, sua religião, seu peso ou por qualquer outro traço que diga respeito unicamente a quem tenha tal traço.
Ao longo da História, milhares de pessoas foram mortas por serem homossexuais. Penso na quantidade de gênios que a humanidade perdeu. Penso em quantos escritores, pintores, compositores, filósofos, engenheiros, químicos, matemáticos, dramaturgos, historiadores, arqueólogos, juristas etc. Quantos mais perderemos? Quanto tempo mais perderemos numa discussão patética que já deveria ter sido deixada pra trás há muito tempo, aliás, uma discussão que sequer devia ter começado?





5 comentários:

  1. Leandro, gostaria de manter contato. Como fazer?

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    1. Você pode me encontrar na minha página. Passe por lá, vc pode curtir a página e a gente conversa, então.
      abç

      https://www.facebook.com/leandrotluz?ref=hl

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