TEXTO, TEXTUALIDADE E ENSINO

Na miscelânea das teorias, na miríade dos nomes e no caleidoscópio das ideias sobre ensino-aprendizagem de língua e literatura, há diversos caminhos possíveis. Este blog propõe esta discussão vista por diversos ângulos.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Língua não é o que algum gramático amordaçou e prendeu em um livro. Não é um conjunto de regras estanques nem é o que foi há cem ou duzentos anos, ainda que viva nos cânones literários.
Língua é o que o povo diz que é língua sem dizer.
As pessoas não falam porque alguém lhes ensinou que sujeitos e predicados não devem vir separados por vírgulas. Falamos usando sujeitos e predicados sem pensar em sujeitos e predicados e isso faz toda a diferença. Se o povo fala sem dar nome ao que fala e sem pensar em regras, por que o professor de português tem de ensinar nomes e regras? Ou melhor, quando e para que se deve ensinar isso?
Quem de nós, ao pensar numa entrevista de emprego, prepara-se decorando períodos compostos, predicativos do sujeito ou objetos indiretos? Acredito que ninguém.
E como negar que, apesar de nada convencional, as pessoas se comunicam pelo MSN, atribuindo às suas 'falas' traços profundos de suas identidades?
É inegável que a língua passa, atualmente, por inúmeras transformações em seus variados usos e seria no mínimo inocente imaginar que a aula de português poderia continuar sendo a mesma.
Não formamos analistas ou técnicos do idioma nas nossas escolas, formamos cidadãos. Tendo isso em mente, é possível afirmar que o professor deve ensinar o que o aluno precisa aprender de fato, e o aluno, por sua vez, ao perceber que o que está aprendendo tem sentido no seu dia-a-dia, há de se tornar mais interessado.
A língua é viva e, em vez de autópsias (análises vazias), devíamos estar olhando para os usos que nós - seres vivos, também - fazemos dela todos os dias desde que fomos a ela apresentados ainda crianças.

Leandro Luz

7 comentários:

  1. Segundo Kuenzer (2002, p.101), “ler significa em primeiro lugar, ler criticamente, o que quer dizer perder a ingenuidade diante do texto dos outros, percebendo que atrás de cada texto há um sujeito, com uma prática histórica, uma visão de mundo (um universo de valores), uma intenção”. Assim, devemos dar aos nossos jovens, condições de enfrentar o mundo com mais segurança, e nossa tarefa como professores está em formar leitores críticos, conscientes, que sejam capazes de extrair dos mais variados textos seus significados. Se a leitura é instrumento para apropriação e conhecimento, cabe a todos nós, educadores, interligar atividades propostas por todas as disciplinas.
    Entretanto, conforme Edileusa Freitas Santos, na sua monografia ‘A formação de leitor crítico: uma contribuição interdisciplinar no processo ensino-aprendizagem’, “...formar um leitor crítico é tarefa principal de um professor que também se encaixe nesse perfil, não sendo possível ao docente que não tem esse domínio, exigir do seu aluno algo que ele próprio ainda não utiliza ou não é capaz de fazer com autonomia.”, o que se complementa com a linha de pesquisa de Anna Maria Marques Cintra, no texto “A leitura na Educação Continuada: uma reflexão”, onde diz: “Contraditoriamente, a chamada ‘era do leitor’ vem apresentando profissionais da educação bastante despreparados para exercerem tarefas como leitura.”
    Tenho me empenhado a mudar de posição e me tornar autônoma, leitora crítica para então dar seguimento a todo o processo de aprender e ensinar.

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  2. Interessante em citar que professores não devem mesmo formar analistas ou técnicos de idiomas na sala de aula e sim cidadãos que consigam ampliar suas habilidades de leitura e escrita, pois os professores são responsáveis por essa formação de desenvolvimento a cidadania crítica, isso quer dizer de conseguir que os alunos tenham o conhecimento para serem o dominante e dominar qualquer situação que desejam. A dúvida talvez seja como ensinar isso! A partir disso podemos citar Bakhtin, pois ele diz que ensinar língua não é um sistema de regras, os alunos não aprenderão a falar praticando análises sintáticas e sim devemos conhece-los, saber o conhecimento que têm e a partir daí ensiná-los. Devemos parar com aquilo padronizado e começar a falar de VIDA, do que realmente está acontecendo!!

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  3. Gostei, é bem isso mesmo... conhecer o aluno para fazê-lo conhecer melhor a língua que ele já usa. As regras servem para que ele se insira no universo da norma culta padrão e é, sem dúvida, importante, entretanto, reduzir o ensino do idioma às regras é o erro.
    Quanto à análise, se o ensino for bom desde o início chegará o momento em que o aluno poderá refletir sobre sua língua com mais profundidade partindo para análises morfológica, sintática, semântica, estilística etc. Quando isso, porém, for complementar ao conhecimento de uso.

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  4. Com as aulas apresentadas e com o estudo de textos a nos oferecido, comecei a entender melhor a não utilização da gramática padrão no ensino.
    Lembro de uma aula onde o professor indagou sobre o que é ensinar português. E depois de várias respostas, ele simplesmente disse que deveríamos ensinar a ler e escrever.
    Estou em processo de aprendizado, como também estará o meu aluno no futuro, mas com os métodos inovadores, a nossa dedicação em nos tornar um bom profissional e principalmente a preocupação com a esfera social dos indivíduos, será (como está sendo para mim) apaixonante aprender e ensinar a nossa língua portuguesa.

    "Não se pode falar de educação sem amor." (Paulo Freire)

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  5. Olá pessoa! Li este artigo e achei muito interessante,e,em sincronia com as colocações do professor Leandro.

    Ensinar português para pessoas que já sabem falar português: IMPLICAÇÕES: apesar de que o aluno fale a língua portuguesa, isso não implica que ele saiba o português. O ensino da língua portuguesa não se restringe apenas à alfabetização, apesar de este período ser, na verdade muito especial. OBJETIVO DO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA: mostrar como funciona a linguagem humana e, de modo particular o português: usos abrangendo metas específicas nas suas modalidades escrita e oral em diferentes situações de vida. ABRANGE: · &nbs p; Propriedades e usos que ela realmente tem; · & nbsp; O comportamento da sociedade e dos indivíduos com relação aos usos lingüísticos. ERROS ESCOLARES: · Apegar à gramática normativa e à metodologia de exigir redações e fichas de leitura; · Não ensinar ao aluno como ele fala, qual o valor funcional dos segmentos fônicos de sua língua, como compõe a morfologia desta, a sintaxe, a semântica; · Não levar o aluno o interesse em aprender uma variedade do português de maior prestígio; · Não partir do conhecimento que a criança tem de sua fala e da fala de seus colegas para a partir daí ensinar o que deve. FUNDAMENTAL AO ENSINO DE PORTUGUÊS: Fundamental, essencial e imprescindível distinguir três tipos de atividades ligadas respectivamente aos fenômenos da fala, da escrita e da leitura, que são três realidades diferentes da vida de uma língua. O QUE É A LINGUAGEM? LINGUAGEM: manifestação do pensamento. Forma de expressão: SIGNO - SIGNIFICANTE - SIGNIFICADO SIGNO LINGÛÍSTICO: está presente na fala, na escrita e na leitura. OBSERVAR: pronúncia ≠ escrita = transcrição fonética Disse &nb sp; &nbs p; por /disi/ Patinho & nbsp; por /patio/ Mercado & nbsp; por /mercadio/ Que é a senhora por ; /qieasiora/ A escola, portanto, deve fazer os alunos observarem que eles não falam de uma única maneira, mas de várias, segundo os dialetos de cada um, o que implica na fala e na leitura dos textos; porém, quanto à ortografia, a forma é única e ele deverá aprendê-la. O aprendizado da escrita e da leitura não termina ao final da 1a série ou do ensino fundamental ou médio, mas ao longo de todos od anos de estudo. O CERTO, O ERRADO E O DIFERENTE “(...) No ensino de português não há Pedagogia, Psicologia, Metodologia, Fonoaudiologia etc. que substitua o conhecimento lingüístico que o professor deve ter. Sem uma base lingüística verdadeira, as pessoas envolvidas em questões de ensino de português acabam acatando velhas e erradas tradições de ensino ou se apoiando explicita ou implicitamente em concepções inadequadas de linguagem.” - &nbs p; ; & nbsp; &n bsp; A LÍNGUA NÃO É UM DICIONÁRIO, UMA LISTA DE PALAVRAS, E UMA FRASE OU TEXTO; - &nb sp; &nbs p; ; & nbsp; A ESCOLA NÃO SABE COMO AS PESSOAS DE FATO PRONUNCIAM OS SONS, COMO APRENDEM UM DIALETO, COMO ESCREVEM E O QUE É PRECISO FAZER PARA APRENDEREM A LER; - ; & nbsp; &n bsp; &nb sp; QUANDO O ALUNO É REPROVADO É TACHADO DE CARENTE, RENITENTE, BURRO, INCAPAZ DE DISCRIMINAR SONS E IMAGENS, DE SE CONCENTRAR NO TRABALHO INTELECTUAL - &nbs p; ; & nbsp; &n bsp; É DE SE LEVAR EM CONTA QUE O MODO DE FALAR DE UMA CRIANÇA (CLASSE ALTA) É BEM DIFERENTE DE OUTRA CRIANÇA QUE NÁO VIVEU COM LIVROS, LEITURA E ESCRITA, QUE FALA UM DIALETO DIFERENTE DO DA ESCOLA. “ A língua portuguesa, como qualquer língua, tem o certo e o errado somente em relação à sua estrutura. Com relação a seu uso pelas comunidades falantes, não existe o certo e o errado lingüisticamente, mas o diferente”. “O português, como qualquer língua, é um fenômeno dinâmico, não estático, isto é, evolui com o passar do tempo”. Mas... “Para a escola, infelizmente, a variação lingüística é vista como uma questão gramatical, de certo ou errado.

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  6. O maior objetivo em ensinar língua marterna é tornar o aluno poliglota de sua prória língua (Bechara 2002)

    Falar é capacidade inata, mas falar com propriedade requer um mestre.

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  7. O maior objetivo em ensinar língua materna é tornar o aluno poliglota de sua própria língua (Bechara 2002)

    Falar é capacidade inata, mas falar com propriedade requer um mestre.

    Camila Martins

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