TEXTO, TEXTUALIDADE E ENSINO

Na miscelânea das teorias, na miríade dos nomes e no caleidoscópio das ideias sobre ensino-aprendizagem de língua e literatura, há diversos caminhos possíveis. Este blog propõe esta discussão vista por diversos ângulos.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

UM EDUCADOR ADVERTE: LEITURA RUIM FAZ MAL AO SER HUMANO




PALAVRAS TIRADAS DO BLOG DE UMA ADOLESCENTE - POR ISSO EU DIGO - LER / VER / OUVIR O QUE NÃO PRESTA FAZ MAL.

 " Twilight me fascina pois é a história que toda menina desastrada e tímida queria viver, ou seja, ela não se dá bem neste mundo, nesta sociedade, porque o lugar dela não é este. Em uma outra família, em uma outra vida, ela é amada, querida, desejada e importante. Aquela menina que achava que não servia pra nada, porque não tinha coordenação nem pra carregar uma bandeja, descobre que tudo faz sentido, porque ela simplesmente pertence a um outro lugar, que a espera ansiosamente. Além disso, quem nunca quis dois meninos lindos disputando o seu amor? Você, de uma desconhecida, passa a ser o amor de alguém. Passa a ser peça fundamental na vida de outra pessoa.
    Bella consegue o que seria o ideal para qualquer menina, um garoto lindo, inteligente, com uma família incrível, com mistérios sedutores e que tem a maturidade de um velho de cento e poucos anos. Óbvio, isso só acontece na ficção (mas seria perfeito). Ele deixa claro que sua vida faz sentido para protegê-la. E quem não queria uma proteção dessas. "

POR QUE É PREOCUPANTE?

toda menina desastrada e tímida queria viver, ou seja, ela não se dá bem neste mundo, nesta sociedade, porque o lugar dela não é este à Toda menina que se sente assim – patologicamente - precisa é de ajuda, precisa falar sobre isso com um profissional. Se bem que, pelo que me lembro, ser adolescente é isso, não é? É sentir-se desencaixado do mundo, deslocado, isto é O NORMAL, O COMUM. Fazer disso motivo para fugir e entregar a ALMA AO DEMÔNIO (nem acredito em demônio), mas é isso que significa tornar-se vampiro para ‘DAR’ PARA O GOSTOSINHO da escola (desculpem, mas é o que acontece, pelo menos no primeiro filme – fiz questão de assistir – ler seria demais) é uma mensagem nada útil às adolescentes ‘tímidas’.

Em uma outra família, em uma outra vida, ela é amada, querida, desejada e importante. à Isto é ilusão, é criar na adolescente uma fantasia muito perigosa: a ideia de que a fuga da sua realidade é uma solução, quando todos sabemos que não é. Cria a ideia de que existe um lugar perfeito, uma ‘outra vida’ onde tudo é do jeito que se sonha. Esta ‘bosta’ (desculpem) consegue ser pior que o mito da Cinderela.

descobre que tudo faz sentido, porque ela simplesmente pertence a um outro lugar, que a espera ansiosamente à Mais perigoso ainda, achar que o ‘sentido’ para a vida está em algum lugar exterior, está em algo que se alcance, ESTÁ NO OUTRO. O sentido para a vida, se há sentido, só pode estar em nós mesmos e cada um precisa descobrir isso dentro de si. Mas isso dá trabalho e é perigoso para quem manipula a massa – uma massa que não sabe de si é mais interessante ao capitalismo – consome e não questiona.

quem nunca quis dois meninos lindos disputando o seu amor? à A coisa só piora. Uma adolescente está entre o ser criança e o ser adulta. Ainda é frágil, ainda quer proteção, mas também já quer independência. Tem tanto a decidir, decisões que terão consequências para toda a vida – educação, profissão, sexualidade, etc. E a adolescente lendo esta merda (desculpem de novo) vai achar que o legal, o ‘da hora’ é ser disputada por dois caras bonitos, que isso é que é importante. Estudar para quê? Profissão para quê? Aula de matemática, de português, história? Que saco! Eu quero é ver o gatinho da fila do lado, mandar SMS para o Paulinho do 1B, rebolar mais quando eu passar na frente do Carlos do 2C, bater bato no MSN com 10 meninos ao mesmo tempo. Ficar com 35 na baladinha... Ser a sensação do momento. Ah, de preferência, descendo até o chão. É LAMENTÁVEL VER QUE AS MULHERES DO SÉCULO XX LUTARAM TANTO PELA LIBERDADE DE SE VULGARIZAREM ASSIM (desculpem aquelas, é claro, que não são assim)

Você, de uma desconhecida, passa a ser o amor de alguém. Passa a ser peça fundamental na vida de outra pessoa. à Quanta estupidez, melhor, inocência! FUNDAMENTAL?! Só somos realmente fundamentais na nossa vida. Ninguém mais pensa no que as palavras realmente significam. Talvez sejamos fundamentais para nossos pais e as adolescentes – leitoras dessa ‘merda’ (não deu) talvez sejam fundamentais aos filhos que vão acabar gerando ainda adolescentes. Tirando Romeu e Julieta que, aliás, eram tão adolescentes, burros, imaturos e vazios que se mataram de bobeira, não conheço mais ninguém que tenha vivido uma grande história de amor com sua grande paixão de adolescência.

Bella consegue o que seria o ideal para qualquer menina, um garoto lindo, inteligente, com uma família incrível, com mistérios sedutores e que tem a maturidade de um velho de cento e poucos anos. à Aqui alcançamos o auge do absurdo – minto, seria pior se estivesse lendo ou ouvindo isso de uma mulher adulta – “o ideal para qualquer menina, um garoto lindo”. Meu Deus, é este o ‘ideal para qualquer menina’, mesmo? Deixe-me desistir disso de ser educador, então? Vamos parar tudo e esquecer isso de escola, trabalho, prova, ENEM, vestibular, faculdade, pós-graduação, profissão, pra quê? Se o ideal da menina é um garoto lindo... Tanto feminismo (e sou super a favor) para isso? Devo estar ficando velho, para mim o ideal de qualquer adolescente era ser ADOLESCENTE, sabe? Brincar ainda, sonhar, divertir-se com amigos, conversar muito, sim, descobrir o mundo devagar, experimentando as coisas (às vezes até demais), tendo discussões com os pais, sendo rebelde, mas sabendo os limites da rebeldia. Brigando, mas sabendo pedir desculpas. Lendo livros cheios de mistérios, sim, e bem mais interessantes e INTELIGENTES que essa ‘merda’ (última, prometo), como “Mistério do Cinco Estrelas”, “A droga da obediência”,  “Escaravelho do Diabo” e tantos outros e ESTUDANDO, sim, esta palavra que saiu de moda, ESTUDANDO – ser adolescente precisa envolver a escolha de uma carreira, porque é de bons profissionais que este país precisa.
Mas o que mais lamento é ver as pessoas pulando etapas: crianças querendo ser mocinhas, mocinhas querendo ser mulheres e, depois, senhoras, querendo ser jovens a qualquer preço, a custo de toda a artificialidade que o dinheiro pode comprar.
Por tudo isso é que digo, leitura ruim FAZ MAL A SAÚDE... porque a vida é feita de REFERÊNCIAS – e o que lemos nos influencia.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

ENSINANDO O TEXTO ARGUMENTATIVO A PARTIR DO POEMA “MULHER NOVA, BONITA E CARINHOSA FAZ O HOMEM GEMER SEM SENTIR DOR”.

ARTIGO - Anais do SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758



Leandro Tadeu Alves da LUZ
                        Instituto Federal de São Paulo – IFSP

Resumo: Este trabalho tem por objetivo demonstrar como literatura e língua podem e devem dialogar na aula de português, por meio da utilização de um poema para se ensinar a estrutura e uso do texto argumentativo. Para tal, fez-se necessário definir texto de um ponto de vista sociocognitivo-interacionista, segundo o qual os sentidos de um texto não são inerentes a ele, mas, ao contrário, emergem na interação autor-texto-leitor. Também foi importante definir o que é o texto argumentativo e como se dá a elaboração da argumentação.

Palavras-chave: Texto; interação; argumentação

ABSTRACT: This work aims at demonstrating how literature and language teaching can and should dialogue in the Portuguese class, through the use of a poem to teach the structure of the argumentative text. For this, it was necessary de define text from a sociocognitive-interactive perspective, which proposes that the meanings of a text are not inherent to it, but, on the contrary, they emerge in the interaction author-text-reader. It was also important to define the argumentative text and how the creation of the argumentation takes place.
KEY-WORDS: Text, interaction, argumentation

1.       Introdução

            Em nome de um pragmatismo exacerbado e de um tecnicismo artificialista, por muito tempo a aula de português na educação básica, principalmente na rede particular, acabou sendo fragmentada e em alguns contextos ainda é. Falo de se instituir um professor para literatura, outro para gramática e um terceiro responsável pelas aulas de redação. Esta fragmentação, ainda que funcione do ponto de vista conteudista – características de muitas de nossas escolas particulares – é muito prejudicial ao ensino de português voltado para a emancipação do aluno e para o efetivo uso da língua em suas inúmeras possibilidades de comunicação.
            Não há literatura sem que se pense em língua, nem há sentido em se ensinar gramática se não for para garantir a qualidade do texto produzido pelo aluno. Da mesma forma, não há um bom texto – pelo menos em seu sentido mais técnico e formal – que não siga as convenções da norma culta padrão. Não faz sentido, portanto, a separação da aula de português em blocos isolados que não se comunicam entre si.
            Este texto trata de um exemplo de como língua e literatura podem dialogar no processo de ensino-aprendizagem de português e de como sempre há, mesmo na linguagem poética, possibilidade de se pensar em elementos próprios da produção de texto.
           
2.      O objeto da aula de português
           
            Toda discussão que se pretenda suficientemente profícua na área de ensino de língua portuguesa precisa, antes de tudo, buscar a definição do objeto da aula de português. O que é, afinal, que nós, professores de português, ensinamos em nossas aulas? A associação com gramática e/ou literatura é imediata. Entretanto, estes estão longe de ser nosso objeto de trabalho. A gramática é uma ferramenta que, se bem usada, só poderá trazer benefícios ao aluno, pois seu domínio, inevitavelmente, faz-se necessário para que o cidadão possa almejar posições sociais mais elevadas. A literatura, por sua vez, é muito maior que a aula de português. A literatura é uma arte, uma maneira de o homem entender a si mesmo, o mundo e os outros (BURGESS, 2003). Na verdade, refletindo um pouco mais a fundo, vemos, claramente, que não ensinamos literatura em nossas aulas, posto que não formamos escritores ou críticos. Ensinamos, na verdade, um pouco de teoria literária e um pouco de história da literatura (TODOROV, 2009) e, geralmente, de forma desinteressante, uma vez que distante, muitas vezes, das realidades dos alunos e voltada, na grande maioria dos casos, exclusivamente às exigências do vestibular. Ganhariam muito mais nossos alunos se, em vez disso, tivessem mais contato com a obra literária propriamente dita e pudessem, ao menos, aprender a apreciar a beleza de uma obra bem escrita, mesmo que ela não figurasse nas listas das universidades mais cobiçadas.
            Isto posto, vou insistir, como já fiz em outros textos (LUZ, 2011; LUZ, 2012 (no prelo)), que o objeto da aula de português é leitura e escrita. É errado pensar que o processo de ensinar a ler e a escrever se esgota nos primeiros anos de escolarização. Muito pelo contrário, a tarefa essencial do professor de português, inclusive em nível superior, é ensinar a ler e a escrever, pois jamais se para de aprender leitura e escrita.
            Obviamente os níveis de exigência são outros, bem como os usos que se faz da leitura e da escrita.


3.      Letramento


Ao tratar o ensino de leitura e escrita pela perspectiva do uso social, estou discutindo Letramento.
O termo letramento ainda é bastante recente, tanto na universidade quanto na escola, por isso é válido apresentar algumas definições e discutir como venho entendendo sua aplicabilidade, como pesquisador e como professor.
Para Kleiman (2003, p. 19), por exemplo, letramento é “um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos (cf. Scribner e Cole, 1981)”.
A especificidade dos contextos de uso da escrita e de seus objetivos se perde, por completo, na escola quando, conforme salienta Geraldi (2002), a função professor e não o sujeito professor é quem “corrige as redações”. O próprio termo corrigir soa impróprio, posto que pressupõe, automaticamente, o erro do aluno, afinal só se corrige aquilo que está errado. Redação, também, está entre aspas, por ser um termo vago que, efetivamente, não nos diz nada. Redação é o substantivo relativo ao ato de redigir. E redigir é algo que se faz em variadas situações, com variados objetivos e níveis de complexidade, daí sua vaguidez. Redige-se, por exemplo, um bilhete para um filho, um cartão postal, um e-mail, uma tese de doutorado. Redigir, portanto, é tudo e é nada. Redação, da mesma forma, não significa nada para o aluno. Ou melhor, significa sim, significa produzir um texto vazio de significado que promove uma falsa interação entre um sujeito escritor que não existe e um sujeito leitor que também não existe, posto que só existem aluno e professor – um que escreve errado e o outro que corrige.
            O letramento como emergência de práticas sociais significativas envolvendo a escrita exige especificidade – quem escreve para quem, inserido em que situação, com que objetivo. Somente a partir da delimitação desses elementos da interação é que se pode falar em textos bem ou mal escritos. Um texto mal escrito será, portanto, aquele que não satisfizer a determinadas especificidades.
Letramento, para Soares (1998, p. 47), trata-se de um “estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita”.
Vê-se que a prática do letramento exige do professor e do aluno uma mudança global de postura. A relação com o texto escrito precisa deixar de ser algo compulsório, simplesmente, para servir como ponte de partida e de chegada de práticas emancipatórias de linguagem em sala de aula. Professores precisam encontrar atividades que tornem o ensino do texto algo significativo para os alunos. Entender como significativo aquilo que aprende faz com que o aluno esteja envolvido com seu aprendizado. Um aluno envolvido, como sugere Calkins (1989), participa ativamente do processo de ensino-aprendizagem e desenvolve motivação intrínseca. Motivar é repetitivo, envolver é dinâmico e significativo.
A este respeito, Signorini (2001, p. 125) postula que “a filiação do estudo da escrita ao letramento significa, pois, compreendê-la não como um objeto único, estático e autônomo, sempre o mesmo em diferentes suportes, momentos e situações”.


4.      O conceito de texto


A partir da discussão até aqui estabelecida, é possível afirmar que o objeto central da aula de português é o texto. Texto em sua acepção mais abrangente, como objeto semiotizado por excelência, ou seja, tudo aquilo que tem significado para dois ou mais interlocutores, como o próprio lugar da interação (KOCH, 2002) e o texto em sua acepção mais restrita, como unidade linguística percebida como um todo completo e acabado, dotado de textualidade (OLIVEIRA, 2010). Koch (2011, p. 12) apresenta várias definições para o texto, de acordo com diferentes correntes teóricas:

1.      Texto como frase completa ou signo linguístico mais alto na hierarquia do sistema linguístico (conceito de base gramatical);
2.      Texto como signo complexo (concepção de base semiótica);
3.      Texto como expansão tematicamente centrada de macroestruturas (concepção de base semântica);
4.      Texto como ato de fala complexo (concepção de base pragmática);
5.      Texto como discurso “congelado”, como produto acabado de uma ação discursiva (concepção de base discursiva);
6.      Texto como meio específico de realização de uma comunicação verbal (concepção de base comunicativa);
7.      Texto como processo que mobiliza operações e processos cognitivos (concepção de base cognitivista);
8.      Texto como lugar de interação entre atores sociais e de construção interacional de sentidos (concepção de base sociocognitiva-interacional)

Interessa a este trabalho, especificamente, a última definição, principalmente pelo fato de ela tratar os sentidos do texto como algo em construção na interação. Isto significa que os sentidos não se encontram no texto, mas emergem a partir dele. Assim, qualquer texto poderá ter sempre uma nova leitura, um novo processo de significação, podendo adquirir diferentes acepções e servindo, didaticamente, a diferentes fins.

É fundamental para o ensino de português entender que os sentidos não estão presos no texto, mas são construídos na interação leitor-texto-autor, nas intenções da escrita e da leitura, nos seus usos sociais. Esta tese vem sendo defendida por diversos teóricos na última década (ROJO, 2009; CINTRA, 2008; KOCH, 2002; GERALDI, 2002). O texto é, portanto, o elemento interativo por excelência. É pelo texto e no texto que os sujeitos interactantes do processo de ensino-aprendizagem se constroem mutuamente. Professor e aluno precisam, como propõe Miccoli (2010), entender que a matéria / conteúdo é só o pretexto para o texto que está sendo construído no espaço de interação promovido na aula.
Este trabalho trata, exatamente, de uma dessas possíveis releituras de um texto e de sua ressignificação com fins didáticos. O texto é um poema de Octacílio Batista[1], musicado por Zé Ramalho, que ficou famoso na década de 80 na voz de Amelinha: “Mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor”. O que pretendo demonstrar é como, a partir dele, foi possível ensinar a estrutura do texto dissertativo/argumentativo, especificamente do artigo de opinião a uma turma de ensino médio.


5.      A argumentação


Para Abreu (2009), argumentar significa convencer e persuadir. Convencer, para o autor, refere-se ao campo da razão, significa fazer com que o outro mude seu pensamento. Persuadir, por sua vez, está no campo das emoções e tem como objetivo fazer com que o outro mude suas ações.
Luz (2011, p. 104), a este respeito, afirma que

Argumentar significa, acima de tudo, fazer escolhas e defender a verdade dessas escolhas. Significa ter uma tese, acreditar nela e buscar formas de fazer com que outras pessoas também acreditem nela. Para fazer escolhas, é preciso, antes de qualquer coisa, saber transformar informação em conhecimento.

            Informação e conhecimento, como percebemos na citação acima, não são a mesma coisa. A informação existe independentemente da nossa interferência. Conhecimento, por sua vez, é fruto de nossas ações, é o resultado das transformações que elaboramos a partir das informações que temos. De nada servem informações se elas não se transformarem em conhecimento. A escola é o lugar de se transformar informação em conhecimento. O mundo anda afogado em informação e oco de conhecimento – precisamos, urgentemente, buscar formas de se inverter isso.
            Abreu (2009) trata a argumentação como gerenciamento de informação e emoção. Eu proponho o gerenciamento de conhecimento e emoção. Conhecer a matéria sobre a qual se vai argumentar, é fundamental para o sucesso da argumentação, como já nos ensinava o padre Anchieta no século XVII no Sermão da Sexagésima.
            Estruturalmente, o texto argumentativo consiste, basicamente, na escolha de uma tese, na definição de um posicionamento crítico a respeito dela e, a partir daí, no esforço de provar a validade da tese. Este provar acontece, exatamente, por meio da argumentação. Dentre os vários argumentos existentes, os mais comuns e, por isso, mais importantes de se entender são (ABREU, 2009; LUZ, 2012 no prelo):
1.      O argumento por exemplo, abundantemente usado nas mais diferentes situações de argumentação. Consiste em citar nomes; fatos ou situações que reforcem as ideias da tese a ser defendida;
1.      O argumento por analogia, que consiste em traçar comparações entre dois ou mais elementos. A ideia é provar uma ideia usando algo semelhante que já tenha sido provado anteriormente;
2.      O argumento por autoridade, utilizado sempre que o autor traz para o seu texto uma voz externa, que seja autoridade no assunto tratado. Trata-se de pôr em destaque a característica inerente a todo texto de dialogar incessantemente com outros textos. Falo em polifonia, dialogismo ou intertextualidade.
3.       O argumento de princípio, que é usado quando se apresentam verdades indiscutíveis, como os axiomas científicos ou os saberes do senso comum;
4.      O argumento pragmático ou de causa e consequência, que consiste em justificar determinado acontecimento por meio de suas causas.

A argumentação está presente em inúmeros gêneros textuais, como na dissertação de mestrado, tese de doutorado, em uma resenha ou em um artigo de opinião; no debate e  defesa judicial,  na carta de solicitação, no ensaio científico e participa das mais variadas formações discursivas: discurso acadêmico, religioso, judicial, pedagógico. Por isso é tão importante que se trabalhe a argumentação em sala de aula.
            Por se tratar de um tipo de texto quase que exclusivamente encontrado nos textos ditos técnicos, centrados na função referencial da linguagem (Jakobson, 2005), os professores tendem a trabalhar a argumentação sempre a partir de textos explicitamente argumentativos, como é o caso do editorial ou do artigo de opinião. O que proponho aqui - e propus aos meus alunos - é o trabalho com a estrutura do texto argumentativo a partir de um texto artístico.

6. A análise do poema
6.1 – Estrutura e conteúdo
Numa luta de gregos e troianos
Por Helena, a mulher de Menelau
Conta a história de um cavalo de pau
Terminava uma guerra de dez anos
Menelau, o maior dos espartanos
Venceu Páris, o grande sedutor
Humilhando a família de Heitor
Em defesa da honra caprichosa
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor
Alexandre figura desumana
Fundador da famosa Alexandria
Conquistava na Grécia e destruía
Quase toda a população Tebana
A beleza atrativa de Roxana
Dominava o maior conquistador
E depois de vencê-la, o vencedor
Entregou-se à pagã mais que formosa
Mulher nova bonita e carinhosa
Faz um homem gemer sem sentir dor
A mulher tem na face dois brilhantes
Condutores fiéis do seu destino
Quem não ama o sorriso feminino
Desconhece a poesia de Cervantes
A bravura dos grandes navegantes
Enfrentando a procela em seu furor
Se não fosse a mulher mimosa flor
A história seria mentirosa
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor
Virgulino Ferreira, o Lampião
Bandoleiro das selvas nordestinas
Sem temer a perigo nem ruínas
Foi o rei do cangaço no sertão
Mas um dia sentiu no coração
O feitiço atrativo do amor
A mulata da terra do condor
Dominava uma fera perigosa
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor

Uma análise estrutural, sem importância para este trabalho, mostra que o poema de Octacílio Batista, musicado por Zé Ramalho, é composto por 4 estrofes com 10 versos cada. Os versos seguem a mesma métrica, são decassílabos, com sílabas tônicas nas posições 3, 6 e 10. O poema é, ainda, marcado por rimas emparelhadas e intercaladas.
Interessam muito mais os esquemas de textualização que extrapolam as noções de estrutura poética. Por exemplo, pretendo focar esta análise em algumas questões centrais, como:
a.       De que trata o texto, fundamentalmente?
b.      A qual ou a quais gêneros o texto pertence?
c.       Qual tipologia textual predomina no texto?
Vale esclarecer o que se está entendendo por gênero e por tipo de texto. O conceito de gênero aqui empregado é aquele proposto por Bakhtin (1997) e empregado em inúmeros outros trabalhos ((BRONCKART 2003, DIONÍSIO et al 2003, MARCUSCHI 2003, MEURER e MOTTA-ROTH 2002, BONINI 2008, BAZERMAN 2005, 2006, 2007 ). Segundo este conceito, gênero é um tipo relativamente estável de enunciado. O gênero é, em outras palavras, a materialização empírica de um discurso, de um ato de fala ou de um esforço comunicativo.
Para Bronckart (2003, p. 37):

Toda língua apresenta-se como um conjunto de subsistemas encaixados, movediços e permeáveis, que são apenas apreensões estruturais abstratas das modalidades de funcionamento dos diferentes gêneros de textos, únicas realidades empiricamente atestáveis das línguas.

 É por meio do gênero que nos comunicamos e é por meio dele que somos capazes de viver em sociedade. Para Bakhtin, ainda, o gênero pressupõe a coexistência de três elementos: a estrutura composicional, o conteúdo temático e o estilo. A estrutura pode ser entendida como o layout do gênero, sua disposição espacial; o conteúdo temático é o assunto de que trata o texto e o estilo, finalmente, é a forma como o assunto é abordado. O mesmo tema pode ser elaborado de inúmeras maneiras diferentes. É exatamente isto que busco salientar aqui – não é porque tratamos de temas, digamos, formais ou técnicos, que os textos serão, necessariamente, técnicos e formais.
Respondendo às questões propostas, temos que:
a.       De que trata o texto fundamentalmente?
O texto trata, fundamentalmente, do papel da mulher na História da humanidade. A todo momento o autor reforça a importância da mulher. A construção textual se dá por meio do paralelismo narrativo com destaque para a relação homem x mulher: seguidamente a cada menção a um importante nome masculino da nossa História, o autor apresenta uma mulher relacionada a ele. Ele finaliza cada uma das micronarrativas com a ideia de que a mulher se sobrepõe ao homem.
b.      A qual ou a quais gêneros o texto pertence?
Em princípio, logo na primeira passagem de olhos, percebemos que se trata de um poema, pela sua estrutura composicional: versos dispostos em estrofes. Este primeiro gênero – poema, entretanto, foi metamorfoseado e se transformou em letra de música. O que significa isso? Significa que as marcas rítmicas típicas da poesia ganham mais cor, mais destaque. Ao musicar o poema, Zé Ramalho enfatizou a tonicidade de algumas sílabas, enfatizou determinadas pausas, criou ligações onde talvez não houvesse no texto original. Em outras palavras, o compositor, ao se apropriar do poema e ressignificá-lo, atribuiu-lhe uma nova camada semiótica, uma nova carga semântica e uma nova função pragmático-comunicativa. O texto agora além de ter voz tem uma voz que canta.
            Finalmente, este gênero que fora poema e transformou-se em letra de música ganha, ainda, uma terceira camada semiótica ao receber o arranjo típico da música popular brasileira. Somam-se, assim, à sonoridade dos fonemas, das palavras e das combinações sintático-semânticas, as combinações de melodia, as harmonias, os timbres dos diferentes instrumentos musicais, os arranjos vocais, enfim, uma série de elementos que, novamente, ressignificam o poema. Agora o texto tem uma voz que canta e que não canta sozinha.
            Todo este processo enriquece, ao mesmo tempo em que expande exponencialmente as possibilidades de interpretação. A ideia de que os sentidos estão aí para serem construídos na interação escritor – texto – leitor se intensifica, pois o receptor não se trata mais apenas de um leitor, ele é, sim, um leitor, mas é também um ouvinte. Novas relações com o texto e a partir do texto se estabelecem. Novos usos se inauguram e novas fronteiras se quebram e se firmam.
c.       Qual tipologia textual predomina no texto?
Finalmente, observando a tipologia textual, classicamente separada em narração, descrição e dissertação (ABREU, 2008), podemos cair na armadilha de pensar em narração, posto que há elementos da narração no texto (personagens, enredos) e podemos pensar em descrição, posto que há, sem dúvida, elementos que descrevem aspectos (“a beleza atrativa de Roxana”, por exemplo). Realmente, podemos encontrar indícios de narração e descrição no texto (como aliás acontece em praticamente todo texto literário), entretanto a pergunta fala de predominância e, sem dúvida, o que predomina no poema é a dissertação. Trata-se de um texto dissertativo e é assim que pretendo analisá-lo.

6.2. O poema como texto dissertativo

            Dissertar significa argumentar. Elaborar um texto dissertativo, como dito anteriormente, implica delimitar um tema a ser discutido, definir uma posição crítica diante deste tema (expositivo, favorável ou contrário) e defender a posição assumida.
            Por seu caráter essencialmente pragmático, o texto dissertativo, ao ser ensinado, acaba sendo formatado, isto é, acaba ganhando uma forma rígida: introdução, desenvolvimento e conclusão. Obviamente, todo texto precisa apresentar o assunto de que trata, desenvolvê-lo e concluí-lo. O problema que vislumbro é estabelecer modelos rígidos para isso. Mais importante que seguir modelos, decorar expressões de introdução ou de conclusão é entender, de fato, o que significa escrever um texto com finalidade de dissertar sobre determinado assunto. Vejamos o que o poema pode nos ensinar a este respeito.
            Mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor trata, como já dito, do papel da mulher na História da humanidade. Temos, então, um tema bem definido e também temos o posicionamento do autor em relação a ele. Onde podemos perceber este posicionamento? No próprio título. “Faz o homem gemer sem sentir dor” mostra o poder da mulher sobre o homem, ou seja, o autor está se posicionando: para ele, a mulher não está atrás de um grande homem, ela está, sim, à frente dele, no comando.
            Uma vez definido o assunto de que trata o texto e o posicionamento do autor, vejamos como ele se estrutura.
Como o autor introduz seu texto?
A introdução de um texto dissertativo tem as seguintes funções: a. apresentar o assunto de que trata o texto; b. mostrar a posição crítica do autor em relação ao assunto abordado; c. despertar o interesse do leitor e d. caminhar para o desenvolvimento do assunto. Pensando nesses aspectos, fica claro que a introdução do texto em análise não está no começo dele, como se esperaria canonicamente. Trata-se, na verdade, dos 4 primeiros versos da terceira estrofe:
A mulher tem na face dois brilhantes
Condutores fiéis do seu destino
Quem não ama o sorriso feminino
Desconhece a poesia de Cervantes
O autor apresenta o assunto do texto: a mulher e se posiciona diante dele “quem não ama o sorriso feminino desconhece a poesia de Cervantes”, isto é, para conhecer a beleza e a força da obra de um homem (Cervantes), há que se conhecer e se reconhecer as qualidades femininas.
A partir desse ponto, o autor começa a argumentar a favor de seu posicionamento. Ainda na mesma estrofe (a terceira), ele caminha para sua argumentação:

A bravura dos grandes navegantes
Enfrentando a procela em seu furor
Se não fosse a mulher mimosa flor
A história seria mentirosa
           
Sobrepondo-se à bravura dos grandes navegantes está a delicadeza aparente da flor. A mulher, personificada na flor, representa a força que habita a fragilidade. Ainda que fisicamente mais frágil, a mulher encontra em outros elementos a força que lhe falta.
            O autor segue, então, para o que seria, classicamente, o desenvolvimento de sua dissertação. As demais estrofes, com exceção do refrão, são partes constituintes desse desenvolvimento. São, em outras palavras, seus argumentos:

Numa luta de gregos e troianos
Por Helena, a mulher de Menelau
Conta a história de um cavalo de pau
Terminava uma guerra de dez anos
Menelau, o maior dos espartanos
Venceu Páris, o grande sedutor
Humilhando a família de Heitor
Em defesa da honra caprichosa

Alexandre figura desumana
Fundador da famosa Alexandria
Conquistava na Grécia e destruía
Quase toda a população Tebana
A beleza atrativa de Roxana
Dominava o maior conquistador
E depois de vencê-la, o vencedor
Entregou-se à pagã mais que formosa

Virgulino Ferreira, o Lampião
Bandoleiro das selvas nordestinas
Sem temer a perigo nem ruínas
Foi o rei do cangaço no sertão
Mas um dia sentiu no coração
O feitiço atrativo do amor
A mulata da terra do condor
Dominava uma fera perigosa

Como já foi dito, argumentar significa o esforço de um interlocutor em convencer e persuadir o outro. Para isso, ele lança mão de vários recursos argumentativos. No poema analisado, predomina o argumento por exemplo. Por meio das micronarrativas, o autor cita exemplos de momentos históricos nos quais grandes homens tiveram importante destaque e, em seguida, apresenta uma figura feminina que dominava esses tão heroicos homens.
Esta relação homem x mulher na História encontra-se esquematizada no quadro abaixo:
Homem/ feito histórico
Mulher
Menelau x Páris na famosa guerra de Troia
Helena – mulher pela qual, supostamente Menelau e Páris começaram a guerra que durou mais de dez anos e terminou com o famoso episódio do cavalo de Troia.
Alexandre – Fundação de Alexandria – destruição da população tebana
Roxana – mulher cuja beleza dominava Alexandre.
Virgulino Ferreia (o lampião) – cangaceiro do Nordeste do Brasil que aterrorizou diversos estados no início do século XX
Maria Bonita – companheira de Virgulino.

            A beleza da poesia soma-se à competência textual do autor em estruturar sua argumentação de forma a ir construindo um texto de tal forma feliz que a conclusão é a única possível: “mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor”. O refrão do poema serve-lhe de conclusão. Como pregam os manuais, a conclusão deve retomar o assunto do texto e encerrá-lo e é isto, exatamente, que faz o refrão - ele reforça tudo o que foi dito anteriormente e fecha o texto de forma brilhante.
           
7. Considerações finais
Todo texto é sempre passível de uma nova leitura, de um novo processo de significação. Todo texto abre portas à criatividade. Engana-se quem pensa que só o autor pode ser criativo. O leitor é livre para criar sentidos, para – como dizem – ‘viajar’ com o texto. O limite, se há limite, é partir sempre do que está no texto. Se há espaço para criação de significado, o leitor deve usá-lo.
            Foi possível perceber que, mesmo uma letra de música, um poema musicado, pode servir à finalidade de se ensinar produção de texto. Este foi apenas um exemplo dos muitos que eu sei que existem do sucesso na integração entre língua e literatura. Ensinar a escrever com quem escreve bem é muito mais que seguir modelos, significa abrir portas para que o aluno, inclusive, supere o modelo.
            Os alunos se mostraram entusiasmados com a ideia de encontrarem numa música o “modelo da dissertação”. Cantaram junto com a letra, brincaram com ela e, no final, foram autores, também. Pedi a eles a retextualização do poema, agora transfigurado em artigo de opinião e voltado às questões que envolvem a mulher atualmente.
            Temos, hoje, o privilégio de ter um aluno multimídia, um aluno repleto de informação precisando de nossa ajuda para transformar essa informação toda em conhecimento. Nosso aluno é antenado, plugado, múltiplo e criativo. Nós, professores, precisamos acompanhar todo esse movimento. Não penso em abandonarmos o que aprendemos em nome de modismos, mas em estarmos atentos e aproveitar, das novidades, aquilo que nos pode ser útil.
            Dissertação não precisa ser ensinada só com textos classicamente dissertativos. Assim como nada precisa ser ensinado a partir de modelos prontos, de regras acabadas. Somos donos do nosso saber e podemos usá-lo de forma criativa. Ser criativo no seu ofício é marca fundamental, aspecto basilar da configuração e constituição da profissionalização que todos buscamos. Somos profissionais da educação – ser profissional significa agir criativamente a partir de um conjunto de conhecimentos adquiridos. Sejamos, pois, criativos profissionais.

8. Referência bibliográfica
ABREU, A. Suarez. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção. 13ª. Ed. Cotia – SP: Ateliê editorial,2009.
_______, Antonio Suarez. Curso de redacao. 11ªed.. Sao Paulo: Atica, 2008.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal, trad. Maria Ermantina G.G. Fernandes, São Paulo: Martins Fontes, 1997.
BAZERMAN, Charles. Escrita, gênero e interação social.  Organização de Dionísio, A. P. e Hoffnagel, J. C. São Paulo: Cortez, 2007.
___________Charles. Gênero, agência e escrita. Organização de Dionísio, A. P. e Hoffnagel, J. C. São Paulo: Cortez, 2006.
___________, Charles. Gêneros textuais, tipificação e interação. Organização de Dionísio, A. P. e Hoffnagel, J. C. São Paulo: Cortez, 2005.
BONINI, A. Gênero textual/discursivo: o conceito e o fenômeno in:
BRISTOL, B. Por que amamos Ler? Grandes escritores tentam explicar nosso fascínio pelos livros. São Paulo: Novo Conceito Editora, 2008.
BRONCKART, J. Atividades de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-discursivo. São Paulo: EDUC, 2003
BURGESS, A. A literatura inglesa. São Paulo: Ática, 1996.
CALKINS, L. M. A arte de ensinar a escrever : O desenvolvimento do discurso escrito. Trad. Inajara Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
CINTRA, Anna M. M. Ensino de língua portuguesa: reflexão e ação. São Paulo: EDUC, 2008.
DIONISIO, A. P., MACHADO, A. R. e BEZERRA, M. A. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003.
GERALDI, W. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. São
Paulo: Cultrix, 2005.
KLEIMAN, A (org.) Os significados do letramento. Campinas – SP: Mercado de Letras, 2003.
KOCH, Ingedore G. V. Introdução à Linguística Textual. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
______,  Ingedore G. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002.
LUZ, Leandro T. A. Linguística jurídica: conceito, teoria e prática. São Paulo: Ed. Ensino Profissional, 2011;
____, Leandro T. A. A arte da Oratória no Sermão da Sexagésima: como o padre Antônio Vieira nos ensina a falar em público in: Sinergia, 2012 (no prelo);
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade in: DIONÍSIO, A. P., MACHADO, A. R. e BEZERRA, M. A. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003.
MEURER, J. L e MOTTA-ROTH, D. Gêneros textuais e práticas discursivas: subsídios para o ensino da linguagem. Bauru – SP: Edusc, 2002.
MICOLLI, Laura. O poder da educação continuada para a transformação do ensino in: BARCELOS, Ana M. F. e COELHO, Hilda S. H. (orgs.) Emoções, reflexões e (trans)form(ações) de alunos, professores e formadores de professores de línguas. São Paulo: Pontes, 2010.
OLIVEIRA, Mariângela R. Linguística textual in: MARTELOTTA, M. E. (org.) Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2010.
ROJO, R. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
SIGNORINI, I. (org.) Investigando a relação oral/escrito e as teorias do letramento. Campinas – SP: Mercado de Letras 2001.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte – MG: Autêntica, 1998.
TODOROV, T. A literatura em perigo. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009


           



           



[1] Poeta repentista, Otacílio Batista Patriota nasceu a 26 de setembro de 1923, na Vila Umburanas, São José do Egito, sertão pernambucano do Alto Pajeú e morreu a 05 de agosto de 2003, na cidade de João Pessoa, Paraíba.