TEXTO, TEXTUALIDADE E ENSINO

Na miscelânea das teorias, na miríade dos nomes e no caleidoscópio das ideias sobre ensino-aprendizagem de língua e literatura, há diversos caminhos possíveis. Este blog propõe esta discussão vista por diversos ângulos.

domingo, 30 de janeiro de 2011

GRAMÁTICA X AULA DE PORTUGUÊS

                                  

                        Há algum tempo seria absurdo questionar o status da gramática no ensino de língua portuguesa. O bom professor de português era aquele que sabia de cor os prefixos de origem grega ou latina, aquele que sabia a classificação de todas as orações subordinadas, que conhecia a regência de todos os verbos. Do mesmo modo, o bom aluno era aquele que conseguia, nas provas, reproduzir todo o conhecimento aprendido durante as divertidas aulas de análise sintática. Os concursos públicos e as provas de vestibular reforçavam a posição de supremacia da gramática. Atualmente, esta inabalável supremacia vem sendo, pelo menos na teoria, questionada. Aquilo que os alunos nos bancos das escolas já se perguntavam havia muito tempo parece que, finalmente, chegou à academia: afinal, para que serve a gramática?
                        Que garantias há de que saber regras, decorar classificações, memorizar verbos defectivos ou abundantes auxilia o aluno a ler e escrever melhor? Afinal, nós, professores de português, estamos formando usuários da língua ou legisladores?
                        A verdade é que, após anos de supremacia gramatical, estamos percebendo, enfim, que sequências infinitas de orações para serem analisadas não formam um leitor crítico. Que corrigir cada vírgula mal empregada ou cada acentuação inadequada no texto do aluno não lhe garante uma escrita eficiente. Estamos percebendo, quero crer, que o ensino da gramática por si não leva o aluno a lugar algum.